terça-feira, 20 de setembro de 2016

A empresa morreu!


A EMPRESA MORREU!

José Carlos Cavalcanti

A empresa tradicional, tal como passamos a conhecer mais em detalhes a partir do século 20, morreu e está sendo substituída pela nova empresa do século 21! Mas como chegamos a esta conclusão?
Há três estruturas fundamentais que governam a natureza de toda atividade econômica: consumidores, produtores e o modo como o valor é intercambiado entre elas. Desde a publicação do livro A Rique das Nações, de Adam Smith, em 1776, o principal tema da maioria dos economistas tinha sido que o planejamento centralizado não era necessário para fazer um sistema econômico funcionar bem. A necessária coordenação seria o resultado de mecanismos de preços e informação nos mercados.
Ronald Coase (1910-2013) foi um dos primeiros economistas que começou a questionar este pensamento principal em Economia. Ele percebeu (em 1937) que havia custos envolvidos em usar o mecanismo dos preços no mercado. As necessidades e as ofertas têm que encontrar uma às outras. Os preços tem que ser descobertos. Negociações precisam ser conduzidas. Contratos têm que ser feitos. Há disputas que mais cedo ou mai tarde terão que ser resolvidas. Adam Smith não viu isso. Ronald Coase chamou esses custos de custos da transação. Seu argumento era que uma empresa deveria emergir, existir e continuar a existir com sucesso, se ela desempenhasse seu planejamento, coordenação e funções de gestão a um custo menor do que seria incorrido por meio das transações de mercado. A existência de altos custos de transação fora das empresas levou à emergência da empresa como nós a conhecemos, e à administração como nós ainda temos. Mas o mundo mudou!
O que realmente importa agora é o lado reverso da argumentação de Coase. Se os custos (de transação) de intercambiar valor na sociedade como um todo caem drasticamente, como está acontecendo hoje, a forma e a lógica das entidades econômicas necessariamente precisam mudar! Logo, a empresa tradicional é hoje a alternativa econômica mais cara. Desta maneira, um diferente tipo de gestão é necessário quando a coordenação pode ser desempenhada sem intermediários e com a ajuda de novas tecnologias e modelos de negócios (como plataforma online).Esta é a principal diferença entre Uber e velhos serviços de táxis e uma série de atividades. Aplicativos podem agora fazer o que gestores faziam!

Fonte: Jornal do Commercio, Recife, 12/8/2016

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