sábado, 10 de setembro de 2016

Oscarito e Grande Otelo


OSCARITO E GRANDE OTELO

Oscarito, pseudônimo de Oscar Lorenzo Jacinto de la Imaculada Concepción Teresa Diaz, nasaceu na cidade espanhola de Málaga, em 16 de agosto de 1906, e faleceu no Rio de Janeiro, 4 de agosto de 1970. Foi um ator hispano-brasileiro, considerado um dos mais populares cômicos do Brasil. Ficou famoso pela dupla que fez com Grande Otelo, em comédias dirigidas por Carlos Manga e Watson Macedo.
Nasceu em família circense, vindo para o Brasil com um ano de idade, mas somente naturalizou-se em 1949. Seu pai era alemão e a mãe, portuguesa.
Estreou no circo aos cinco anos de idade, e ali aprendeu a tocar violino, sendo ainda palhaço, trapezista, acrobata e ator.
Estreou no teatro de revista em 1932, na peça Calma, Gegê, que satirizava o ditador Getúlio Vargas, de quem se tornaria amigo. No cinema, estreou em Noites Cariocas, de 1935, embora tenha figurado num filme anterior, e foi nessa arte que ganhou enorme popularidade no país. Fez parceria com Grande Otelo em diversos filmes de chanchada.
Seu nome, no Brasil, era paralelo para os maiores humoristas do cinema, como Charles Chaplin ou Cantinflas.
Foi casado com Margot Louro, com quem teve dois filhos. Na manhã de 15 de julho de 1970, sentiu-se mal, devido a um acidente vascular cerebral, e foi internado, já em coma, vindo a morrer em 4 de agosto. Seu corpo foi velado no salão nobre da Assembleia Legislativa da Guanabara, com a presença de mais de duas mil pessoas. O enterro levou cerca de quinhentas pessoas ao Cemitério São João Batista.
Grande Otelo, pseudônimo de Sebastião Bernardes de Souza Prata, nasceu na cidade mineira de Uberlândia, em 18 de outubro de 1915, e faleceu em Paris, no dia 26 de novembro de 1993. Foi ator, comediante, cantor, escritor e compositor brasileiro. Grande artista de cassinos cariocas e do chamado teatro de revista. Participou de diversos filmes brasileiros de sucesso, entre os quais as famosas comédias nas décadas de 1940 e 1950, que estrelou em parceria com o cômico Oscarito, e a versão cinematográfica de Macunaíma, realizada em 1969.
Sua vida teve várias tragédias. Seu pai morreu esfaqueado e a mãe era alcoólatra. Quando já era um ator consagrado, sua mulher se suicidou logo após matar com veneno seu filho de seis anos de idade, que era enteado do ator.
Grande Otelo vivia em Uberlândia quando conheceu uma companhia de teatro mambembe e foi embora com eles, com o consentimento da diretora do grupo, Abigail Parecis, que o levou para São Paulo. Ele voltou a fugir, foi para o Juizado de Menores, onde foi adotado pela família do político Antonio de Queiroz. Otelo estudou então no Liceu Coração de Jesus até a terceira série ginasial.
Participou na década de 1920 da Companhia Negra de Revistas, que tinha Pixinguinha como maestro.
Foi em 1932 que entrou para a Companhia Jardel Jércolis, um dos pioneiros do teatro de revista. Foi nessa época que ganhou o apelido de Grande Otelo, como ficou conhecido.
No cinema, participou em 1942 do filme It's All True, de Orson Welles. O intérprete e diretor estadunidense considerava Grande Otelo o maior ator brasileiro.
Otelo fez inúmeras parcerias no cinema, sendo a mais conhecida a com Oscarito. Depois os produtores formariam uma nova dupla dele com o cômico paulista Ankito. No final dos anos 50, Grande Otelo apareceria em dupla em vários espetáculos musicais e também no cinema com Vera Regina, uma negra alta com semelhanças com a famosa dançarina americana Josephine Baker. Com o fim da dupla com Vera Regina, Otelo passaria por um período de crise até que voltaria ao sucesso no cinema com sua grande atuação do personagens título de Macunaíma (1969), filme baseado na obra de Mário de Andrade. Participou também do filme de Werner Herzog, Fitzcarraldo, de 1982, filmado na floresta amazônica.
Teve cinco filhos, um deles o também ator José Prata.
A partir dos anos 1960 Otelo passou a ser contratado da TV Globo, onde atuou em diversas telenovelas de grande sucesso, como Uma Rosa com Amor, entre várias outras. Também trabalhou no humorístico Escolinha do Professor Raimundo, no início dos anos 1990. Seu último trabalho foi uma participação na telenovela Renascer, pouco antes de morrer.
Grande Otelo morreu em 1993 de um ataque do coração fulminante, quando viajava para Paris para uma homenagem que receberia no Festival de Nantes.

Fonte: Wikipédia

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O discurso de Dilma Rousseff depois do impeachment


O DISCURSO DE DILMA ROUSSEFF DEPOIS DO IMPEACHMENT

“Ao cumprimentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumprimento todos os senadoras e senadores, deputadas e deputados, presidentes de partido, as lideranças dos movimentos sociais. Mulheres e homens de meu País.
Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal. Decidiram pela interrupção do mandato de uma Presidenta que não cometeu crime de responsabilidade. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar.
Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado.
É o segundo golpe de estado que enfrento na vida. O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo.
É uma inequívoca eleição indireta, em que 61 senadores substituem a vontade expressa por 54,5 milhões de votos. É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis.
Causa espanto que a maior ação contra a corrupção da nossa história, propiciada por ações desenvolvidas e leis criadas a partir de 2003 e aprofundadas em meu governo, leve justamente ao poder um grupo de corruptos investigados.
O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social.
Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment.
Mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática.
O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido.
O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência.
Peço às brasileiras e aos brasileiros que me ouçam. Falo aos mais de 54 milhões que votaram em mim em 2014. Falo aos 110 milhões que avalizaram a eleição direta como forma de escolha dos presidentes.
Falo principalmente aos brasileiros que, durante meu governo, superaram a miséria, realizaram o sonho da casa própria, começaram a receber atendimento médico, entraram na universidade e deixaram de ser invisíveis aos olhos da Nação, passando a ter direitos que sempre lhes foram negados.
A descrença e a mágoa que nos atingem em momentos como esse são péssimas conselheiras. Não desistam da luta.
Ouçam bem: eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer.
Quando o presidente Lula foi eleito pela primeira vez, em 2003, chegamos ao governo cantando juntos que ninguém devia ter medo de ser feliz. Por mais de 13 anos, realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e redução de desigualdades da história de nosso País.
Esta história não acaba assim. Estou certa que a interrupção deste processo pelo golpe de Estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano.
Espero que saibamos nos unir em defesa de causas comuns a todos os progressistas, independentemente de filiação partidária ou posição política. Proponho que lutemos, todos juntos, contra o retrocesso, contra a agenda conservadora, contra a extinção de direitos, pela soberania nacional e pelo restabelecimento pleno da democracia.
Saio da Presidência como entrei: sem ter incorrido em qualquer ato ilícito; sem ter traído qualquer de meus compromissos; com dignidade e carregando no peito o mesmo amor e admiração pelas brasileiras e brasileiros e a mesma vontade de continuar lutando pelo Brasil.
Eu vivi a minha verdade. Dei o melhor de minha capacidade. Não fugi de minhas responsabilidades. Me emocionei com o sofrimento humano, me comovi na luta contra a miséria e a fome, combati a desigualdade.
Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles.
Às mulheres brasileiras, que me cobriram de flores e de carinho, peço que acreditem que vocês podem. As futuras gerações de brasileiras saberão que, na primeira vez que uma mulher assumiu a Presidência do Brasil, a machismo e a misoginia mostraram suas feias faces. Abrimos um caminho de mão única em direção à igualdade de gênero. Nada nos fará recuar.
Neste momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer “até daqui a pouco”.
Encerro compartilhando com vocês um belíssimo alento do poeta russo Maiakovski:
“Não estamos alegres, é certo,
Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado
As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,
Rompê-las ao meio,
Cortando-as como uma quilha corta.”
Um carinhoso abraço a todo povo brasileiro, que compartilha comigo a crença na democracia e o sonho da justiça. “

Fonte: Vermelho

Morre Alcindo, o maior artilheiro do Grêmio


MORRE ALCINDO, O MAIOR ARTILHEIRO DO GRÊMIO

Maior goleador da história do Grêmio, o ex-atacante Alcindo Bugre faleceu na noite deste sábado (27), em Porto Alegre. Aos 71 anos, ele estava internado no Hospital São Lucas da PUCRS devido a complicações de um quadro de diabetes.
Alcindo teve duas passagens pela equipe gaúcha. A primeira entre 1964 e 1971, e a segunda em 1977, marcando 264 gols , sendo 13 em Gre-Nais. Ao todo, foram 636 tentos na carreira.
Ainda não há informações sobre o velório de Alcindo que ainda fez parte do elenco que tentou o tri na Copa do Mundo de 1966, disputada na Inglaterra.

Fonte: Yahoo Esportes (28/8/2016)

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Do Be Bop à Bossa Nova


Dizzy Gillespie

DO BE BOP À BOSSA NOVA

José Ramos Tinhorão

O fim da era das grandes orquestras, após o fechamento dos cassinos no Brasil, em 1946, e a rápida decadência dos programas de música ao vivo das rádios, ante o aparecimento da televisão em 1950, repercutiu na área da música instrumental através de uma tendência elitizante que ia explicar, já em 1958, o aparecimento da chamada bossa nova. Foi a onda dos pequenos conjuntos à base de piano, baixo e bateria, especialistas em tocar música americana para o novo público das casas noturnas das áreas elegantes cariocas, denominadas boites.
Reprodução com mais de dez anos de atraso do que acontecera nos Estados Unidos, quando músicos como Dizzy Gillespie, Kenny Clark e Thelonius Monk criaram em suas jam sessions no cabaré Minton's, de Harlem, as variações complicadas chamadas be bop (para desestimular os músicos medíocres que pediam canja), a experiência brasileira repetiu também a experiência americana até nas suas consequências.
Assim como nos Estados Unidos o be bop, ao levar à formação dos combos (grupo instrumental sem formação certa, que acabaria fixando a base piano, baixo e bateria, complementada por saxofone ou piston), acabou por estimular nos músicos mais ambiciosos a pesquisa de novos timbres (no estilo Stan Kenton), no Brasil, a imitação dessa busca do som “puro” do cool jazz ia conduzir à bossa nova.
De fato, como o processo de concentração urbana contemporânea da Segunda Guerra Mundial havia provocado no Rio de Janeiro verdadeira explosão imobiliária em Copacabana, transformando aquela área da zona sul carioca no bairro das novas camadas média e alta (componentes do logo apelidado “café society”), a diversão a ser oferecida a tal tipo de gente, na falta de modelo prévio local, só podia ser a do equivalente da mesma classe nos países mais desenvolvidos da Europa e Estados Unidos. E o que de mais parecido se encontrou, nesse particular, foi o tipo de casas noturnas passíveis de serem montadas nos ambientes apertados dos térreos e subsolos de edifícios, e que, sob o nome parisiense de boites, ofereciam a seus clientes o romantismo do repertório internacional dos pianos e a música americana dos pequenos conjuntos para “ouvir e dançar”.
Foi para atender a essa exigência da moderna vida urbana da então capital do país, que se formou em pouco tempo uma geração de músicos jovens, a maioria moradora do próprio bairro (e eventualmente saídos alguns até das “melhores famílias”).
Ora, como por sua condição de classe ou desejo de ascensão social (no caso dos originados da classe média baixa ou vindos da zona norte para o meio da chamada “gente bem”) todos tinham em comum o ideal da modernidade e bom gosto da “melhor música americana” - que continuava a ser o jazz -, era a adesão a essa linguagem sonora que ia caracterizar a sua música.
Para não deixar dúvidas quanto a essa vinculação dos músicos jovens componentes dos pequenos conjuntos de Copacabana na década de 1950 com seu modelo norte-americano, suas exibições eram chamadas de “samba sessions”, e a parte que tocava ao jazz – e logo explicaria o surgimento de bossa nova – não seria negada mais tarde pelos próprios envolvidos nesse processo de aculturação desejada.

Fonte: TINHORÃO, José Ramos, Música Popular – Um Tema em Debate. São Paulo: Editora 34, 1997, páginas 66/67.

Bloco Madeira do Rosarinho


BLOCO MADEIRA DO ROSARINHO

Lúcia Gaspar

Um dos blocos carnavalesco mistos mais tradicionais do Recife, o Madeira do Rosarinho, foi criado por Joaquim de França e um grupo de dissidentes, no dia 7 de setembro de 1926, por causa de divergências com a diretoria do antigo bloco Inocentes do Rosarinho.
Inicialmente, o grupo pensou em chamar o de gogoia, por estar reunido embaixo de uma árvore dessa espécie, mas houve um consenso de que o nome não “soava bem”. Cogitou-se então chamá-lo Madeira que Cupim não Rói, por ser a gogoia uma madeira resistente. Por fim, optou-se por Madeira do Rosarinho.
Seu símbolo é um escudo, semelhante aos de clubes de futebol, nas cores vermelha, branca e verde, com uma figura mascarada no centro.
A sede do bloco, no bairro do Rosarinho (Rua Salvador de Sá, 64), é um local de entretenimento para a comunidade e para os recifenses em geral. Com capacidade para cerca de mil e quinhentas pessoas, o bloco realiza festas e bailes nos seus salões durante o ano todo, além dos dias de Momo.

Fonte: Fundação Joaquim Nabuco

A Independência do Brasil


Pintura de François-René Moreaux (1844)

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

Denomina-se Independência do Brasil o processo que culminou com a emancipação política do território brasileiro do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), no início do século XIX, e a instituição do Império do Brasil(1822-1889), no mesmo ano.
Oficialmente, a data comemorada é a de 7 de setembro de 1822, em que ocorreu o chamado "Grito do Ipiranga". De acordo com a historiografia clássica do país, nesta data, às margens do riacho Ipiranga (atual cidade de São Paulo), o Príncipe Regente do Brasil, então D. Pedro de Alcântara de Bragança (futuro imperador Dom Pedro I do Brasil), teria bradado perante a sua comitiva: "Independência ou Morte!". Determinados aspectos dessa versão, no entanto, são contestados por alguns historiadores em nossos dias.
A moderna historiografia em história do Brasil remete o início do processo de independência à transferência da corte portuguesa para o Brasil, no contexto da Guerra Peninsular, a partir de 1808.
No entanto, no imaginário popular e nas comemorações cívicas o Dia da Independência do Brasil permanece como sendo o dia 7 de setembro.

Fonte: Wikipédia

terça-feira, 6 de setembro de 2016

O primeiro gol no Arruda depois da inauguração


Cena do jogo: Abel corta a bola, enquanto Ramon observa

O PRIMEIRO GOL NO ARRUDA DEPOIS DA INAUGURAÇÃO


Clóvis Campêlo

Em 1969, numa melhor de três contra o Sport, o Santa Cruz conquistou o seu primeiro título estadual no Estádio do Arruda.
Essa foi uma conquista emblemática, pois, até então, só tínhamos conquistado 13 títulos estaduais nos 55 anos de existência do clube.
Depois daquele grande final, ao longo dos últimos 40 anos, foram muitas outras conquistas, entre estaduais e campeonatos brasileiros, o que serviu para demonstrar que a construção do nosso estádio foi um divisor de águas na história do Mais Querido.
Assim sendo, antes do jogo do Santa Cruz contra Seleção Olímpica do Brasil, no dia 7 de junho de 1972, muitos gols foram marcados no Colosso, com o estádio ainda em construção. Nenhum, porém, teve a importância dada ao gol de Betinho naquele jogo histórico.
Betinho chegou no Santa Cruz completamente desconhecido, vindo do Botafogo do Rio. Dele só se sabia que era sobrinho de Fontana, zagueiro do Vasco da Gama e que fora reserva de Wilson Piazza na Copa de 1970, no México. Aos poucos foi se afirmando como um grande atacante, habilidoso, rápido e insinuante. Logo integrou-se àquela grande equipe, tornando-se um dos ídolos do Santa Cruz naquela época.
O gol só surgiu aos 45 minutos do segundo tempo. Logo depois o seu autor se machucaria, sofrendo uma entorse no joelho e deixaria o campo nos braços do massagista Santana. Sairia do jogo, no entanto, para entrar definitivamente na história do clube coral.
Aquele gol, no apagar das luzes, contra a Seleção Olímpica, o primeiro ali marcado após a inauguração oficial do estádio, serviria para aguçar ainda mais a auto estima do torcedor coral naquele ano onde tudo parecia nos conduzir aos píncaros da glória.
O jogo foi apitado pelo árbitro Armindo Tavares, auxiliado por Gílson Cordeiro e Clayton Beltrão.
O Santa Cruz de Evaristo Macedo, um treinador que também fez história entre nós, venceu com Detinho; Ferreira (Antonino), Sapatão, Rivaldo e Cabral; Erb (Zito) e Luciano Veloso; Cuíca (Beto), Bita, Ramon e Betinho (Botinha).
A Seleção Olímpica perdeu com Vitor; Tereso, Abel, Vagner e Bolivar; Falcão (Marquinhos) e Carlos Alberto; Pedrinho, Zé Carlos (Tuca), Manuel e Rubens (Dirceu).
No time coral, a presença de Bita, o Homem do Rifle, grande artilheiro pernambucano já em fim de carreira, além dos craques já conhecidos.
Na Seleção Olímpica, a presença de jogadores que depois marcariam época no futebol brasileiro, como o zagueiro Abel, hoje treinador com passagem pelo próprio Santa Cruz; o meio campista Falcão, que marcou presença em grandes times do mundo inteiro, foi comentarista da Rede Globo de Televisão e hoje é treinador de futebol; de Dirceu, já falecido, e do atacante Zé Carlos, prata da casa coral e que teve atuações marcantes pela seleção.
O público nem de longe foi o da inauguração oficial do estádio, no jogo contra o Flamengo. Mesmo assim, naquela noite de quarta feira, 22.426 pessoas foram ao Arruda para assistir à peleja, propiciando uma renda Cr$ 85.176,00.

Finais


FINAIS

Pedro Du Bois

Parasse
de escrever

agora

parasse
de pensar

agora

parasse

agora.

José Mujica


Cora Coralina


Garrinha, a alegria do povo


GARRINCHA, A ALEGRIA DO POVO

Garrincha marcou seu nome na história do futebol brasileiro com o apelido de "alegria do povo". Foi o legítimo representante do futebol-arte brasileiro, com seu estilo original de jogar, com seus dribles abusados e com suas jogadas divertidas.
Manoel Francisco dos Santos, o "Mané", pertencia a uma família pobre de 15 irmãos. O apelido Garrincha veio de um tipo de pássaro, comum na região serrana, que Mané gostava de caçar com seu bodoque.
Na cidade onde nasceu, no Estado do Rio de Janeiro, havia uma fábrica de tecidos de propriedade de um grupo inglês que mantinha um time de futebol amador, o Pau Grande Esporte Clube. Aos 15 anos, Mané começou a trabalhar na fábrica, e não demorou a treinar no time, mas não teve chance de jogar logo porque, além da sua pouca idade, o técnico Carlos Pinto temia expor o garoto aos fortes zagueiros dos times adversários.
Cansado de não ter uma chance de jogar, Mané registrou-se no time Serrano, da cidade vizinha de Petrópolis e jogou durante quase um ano. Depois disso, o técnico Carlos Pinto decidiu dar uma chance ao Mané e, com sua entrada na ponta direita, o time do Pau Grande cresceu.
Depois de algum tempo, Garrincha foi tentar a sorte em algum clube da capital. Procurou o Flamengo, o Fluminense e o Vasco, mas com suas pernas tortas, não lhe deram atenção.
Garrincha ficou desiludido, até o dia que foi convidado para fazer um teste no Botafogo e encantou a equipe, para surpresa do técnico Gentil Cardoso. Fez parte do melhor time do Botafogo de todos os tempos, que contava com Zagalo, Didi, Amarildo e Nilton Santos, entre outros. Sua melhor jogada era o drible para a direita, o arranque e o cruzamento para a área. Mesmo com uma diferença de 6 cm que separava seus joelhos, sempre levava vantagem sobre o marcador.
Em 1962, quando começou o romance com a cantora Elza Soares, Garrincha já tinha sete filhas com Nair, sua mulher; um casal de filhos com Iraci, sua amante e um filho sueco concebido em junho de 1959. Além destes, teve uma oitava filha com Nair, um filho com Elza e mais uma filha com Vanderléa, sua última mulher, totalizando 13 filhos.
Jogou 60 partidas pela seleção brasileira e encantou a todos em três Copas do Mundo: da Suécia (1958) e do Chile (1962), das quais o Brasil foi campeão, e da Inglaterra (1966). Com Garrincha, o Brasil obteve 52 vitórias e sete empates.
No final da carreira, jogou também no Corinthians, no Flamengo, no Olaria e em outros times brasileiros e estrangeiros. Morreu em decorrência da cirrose hepática, em 1983.
Eternamente admirado, foi homenageado com o poema "O Anjo de Pernas Tortas", de Vinicius de Moraes, o documentário "Garrincha, Alegria do Povo", de Joaquim Pedro de Andrade, a biografia "Estrela Solitária", de Ruy Castro, e os versos de Carlos Drummond de Andrade: "Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios.(...)".
Entre 1963, quando o seu futebol começa a sofrer por causa de uma artrose no joelho, e 1983, quando morre em consequência do alcoolismo, Garrincha enfrenta uma série de episódios trágicos: tentativas de suicídio, acidentes de automóvel e dezenas de internações por alcoolismo.

Fonte: Educação UOL

domingo, 4 de setembro de 2016

Formas de se derrubar um presidente da República


FORMAS DE SE DERRUBAR UM PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Amílcar Neves

Existem três formas de derrubar um Presidente da República democraticamente eleito (as maneiras de fazê-lo, no entanto, admitem infinitas possibilidades).
A primeira delas não se constitui tecnicamente em uma derrubada do governo e se efetiva pelo repúdio majoritário expresso nas urnas eleitorais. Se detesto o PT, os tucanos ou outro agrupamento político, eu voto contra a reeleição do presidente ou contra a eleição do candidato dele. O contrário disso, transparente como água límpida, é a satisfação popular com o mandatário e com suas práticas e políticas governamentais. Fernando Henrique Cardoso foi reeleito, Lula, depois de perder três eleições seguidas, foi eleito, reeleito e fez sua sucessora. Nenhum general ou marechal da ditadura foi eleito nem jamais seria reeleito. É assim que acontece a democracia e não adianta, nem é didático, difamar, debochar ou ridicularizar o eleito, o eleitor e o processo eleitoral: a vontade da maioria é que deve sempre prevalecer (estamos falando de democracias). O eleito, gostemos ou não dele e do seu partido, é constitucionalmente o Presidente da República.
No mesmo sentido, é ridículo forçar a associação de governos de esquerda, no Brasil ou em qualquer país democrático do mundo, com ditaduras de verdade, à esquerda ou à direita. O absurdo disso é que somente se poderiam eleger, em todo o planeta, governos de direita.
A segunda forma de derrubar um presidente se dá através do recurso constitucional ao processo de impedimento. Fernando Collor sofreu impeachment e o Brasil não desabou. Não foi preciso pegar em armas, nem um só tiro foi disparado, ninguém foi torturado por isso. Outro dia, alguém comentou que "por muito menos, por causa de uma Elba apenas, o Collor, coitado, foi cassado". Não é verdade, claro. A caminhonete Elba foi apenas o furo no sistema muito bem montado, o descuido operacional do esquema. Como Al Capone, nos EUA: não foi apanhado pela carreira de gângster sanguinário, mas por sonegação do imposto de renda. Foi onde deu de pegar o cara.
A terceira forma de derrubar um presidente constitucional foi-me relatada em longa conversa por um coronel da reserva. Era Brasília durante o governo FHC. Naquele período (ignoro como ficou depois), a Capital Federal estava infestada de oficiais da reserva que atuavam junto a órgãos públicos; sem a intermediação desses "consultores" nenhum negócio era fechado. Ele contou que fizera parte de um comando ultrassecreto da inteligência do Exército; na hierarquia, pouca gente sabia da existência desse grupo de elite; na prática, ninguém conhecia seus integrantes.
- Somente os bons conseguiam entrar! - declarou, orgulhoso.
Nas manifestações, o grupo infiltrava gente contratada para gritar slogans comunistas. Nos primórdios da ditadura, plantava garotas e garotos de programa, dependendo da orientação sexual dos alvos, no apartamento de políticos, militares e até cardeais contrários ao regime, fotograva as "ações" e extorquia as vítimas, impondo-lhes no mínimo o silêncio, quando não o apoio.
- Naquele comício do dia 13 de março de 1964, que deu início ao fim de João Goulart, de onde aumentou a indignação no Ministério da Guerra ali em frente, que inspirou a Marcha da Família com Deus pela Liberdade e horrorizou a imprensa, eu e outro capitão subimos ao alto da torre da Central do Brasil e lá fixamos a faixa forjada de apoio do comunismo e a bandeira vermelha com a foice e o martelo bem grandes.

Colaboração de Urda Alice Klueger

O Papa Celestino V


O PAPA CELESTINO V

(1215 - Sant' Angelo Limosano, Itália - 1296 - Ferentino, Itália)

Violante Pimentel

Havia na Itália, um pobre camponês que tinha doze filhos, dos quais o undécimo, chamado Pedro (Pietro Angelere), era um jovem pacífico, que gostava mais de se dedicar ao estudo da Bíblia e da natureza do que às brincadeiras e aventuras a que seus irmãos se dedicavam.
Aos vinte anos de idade, disse aos pais que desejava entrar num convento e se tornar monge. Os pais concordaram com o seu desejo e deram-lhe a bênção. Pedro partiu e se internou em um convento, onde permaneceu durante cinco anos, completamente afastado do mundo.
Passado esse tempo, seguiu para as montanhas da Apullia, onde, no silêncio e na grandeza duma floresta virgem, começou a viver como eremita. A ele se juntaram algumas almas piedosas e contemplativas. Pedro não estava fugindo das tristezas e dores do mundo. Acreditava que a oração era o melhor alívio para os trabalhos do homem e retirava-se do mundo, porque acreditava que o eremita poderia rezar com maior fervor do que a pessoa que tem o pensamento absorvido pelas preocupações e afazeres da vida quotidiana.
Pedro de "Murrone" (nome da floresta), viveu nesse isolamento até atingir uma idade avançada. Os seus discípulos gostavam de se sentar em sua volta e ouvir as suas palavras, impregnadas do amor divino. Sentiam-se como se estivessem diante de um emissário de Deus. Para eles, a terra era um sonho, que desapareceria rapidamente, e em seu lugar viriam inúmeras regiões, com anjos resplandecentes. Fundou uma congregação de monges, que receberam o nome de Celestinos.
Pedro era um homem simples e piedoso, e parecia ser um verdadeiro santo. Já velho, estando um dia sentado na sua cela da montanha, meditando sobre as coisas divinas, apareceram-lhe os Cardeais e grandes dignatários da Igreja e pediram-lhe que fosse com eles para se sentar no trono pontifical. Convidaram-no para ser Papa.
Aquele pedido causou a Pedro mais horror do que surpresa. Ser Papa?!!! Ele, pobre eremitão, cabeça visível de Deus na terra?!!! Só em pensar, estremecia.
Temia não ser bastante piedoso nem puro. Mas vieram à sua gruta mais personagens; barões, prelados, estadistas, e dois poderosos reis que se ajoelharam aos seus pés e lhe pediram que aceitasse ser Papa: “Vinde”, disseram-lhe eles, “a fama da vossa santa vida estendeu-se pelo mundo. Todos vos desejam como Papa, e se com isso concordares, reinará a paz para todas as nações.
A escolha de um desconhecido devia acabar com a guerra entre os guelfos e gibelinos pela sucessão de Nicolau IV, morto dois anos antes.
Com lágrimas nos olhos, o eremitão suplicou aos reis que o deixassem na sua cela da montanha. Mas eles não cederam, e por fim, apesar de contrariado, Pedro teve que fazer-lhes a vontade.
O eremitão seguiu para Roma, montado num jumento e guiado pelos dois reis, que iam descalços, dum lado e do outro do animal.
Atrás, seguia uma luxuosa comitiva de cardeais e nobres. Como a notícia da sua passagem se espalhou rapidamente, de toda parte vinha gente para ver aquele maravilhoso espetáculo.
De repente, Pedro viu-se rodeado de grande multidão e assim entrou na cidade, com os dois reis descalços, guiando o jumento, com o cortejo de nobres e príncipes que o acompanhavam, e rodeado por uma multidão que o aclamava e entoava hinos.
O novo Papa tomou o nome de Papa Celestino V.
Esse acontecimento era um grande triunfo para o filho de um pobre camponês. Entretanto, Pedro sentiu-se desgraçado e infeliz no seu palácio. Encontrava-se – homem simples e piedoso, que só conhecia a sua Bíblia – rodeado de homens brilhantes, o que não lhe deixava à vontade. Achava- se triste e solitário, e sentia-se entre conspiradores, que queriam se beneficiar com a sua presença. Suspirava pela sua cela da montanha. Queria falar, não de reis e rendas, mas sim de Deus e do seu amor divino.
Conta-se que alguém, descontente da eleição de Pedro, tramou uma conspiração para fazê-lo sair do trono. Dispôs as coisas de forma que, durante a noite, e junto ao leito do pontífice, soassem trombetas e vozes que o incitassem a voltar para a sua ermida.
Pedro julgou que aquelas vozes vinham do Céu, e recriminou-se amargamente, por ter sonhado que Deus pudesse haver elegido um eremitão, tão humilde, para Papa. Impulsivamente, abandonou o trono e fugiu secretamente do palácio. Atravessou o mar num barquinho, mas levantou-se uma tempestade. A fraca embarcação foi jogada contra a costa, onde ele foi reconhecido, preso, e levado para um castelo. Ali viveu dez meses e morreu com 81 anos de idade, feliz por se afastar desse mundo de tristezas e disputas, e poder ir, finalmente, à presença de Deus.
No convento Celestiano da cidade de Aquilla, na Itália, ainda hoje se vê o túmulo do Papa Celestino V. Na história da Igreja, foi o primeiro Papa que renunciou ao pontificado.
Somente no dia 11 de fevereiro de 2013, houve a segunda renuncia ao posto de Papa. A decisão de Bento XVI de renunciar ao pontificado foi um acontecimento quase inédito na história da Igreja. O único precedente conhecido era a renúncia voluntária do Papa Celestino V, há mais de sete séculos.
São Celestino V renunciou à sua função, no mesmo ano de sua eleição, em 1294. Por ter passado a maior parte de sua vida como eremita, não se sentia preparado para assumir a liderança da Igreja. Abdicou do posto em 13 de dezembro de 1294, combinado com seus cardeais.
Foi canonizado em Avinhão, pelo Papa Clemente V, em 3 de Maio de 1313, sendo conhecido como São Pedro Celestino.